Entrevista conduzida por José Carlos Francisco.
Para começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
Juarez Santos: Nasci em Salvador, Estado brasileiro da Bahia, no dia 29 de Dezembro de 1989. Estudei desenho industrial, esculturas, artes plásticas e actualmente trabalho como ilustrador de banda desenhada e mangá, realizando também capas de livros, cartazes de igrejas, desenhos hiper-realistas, e dirijo a J da C, Ornamento de cimento, a maior Fábrica de Arte Romana do Norte/Nordeste do Brasil, onde sou gerente geral e criador gráfico. Ainda não me sinto realizado como Artista pois o meu grande sonho como o de muitos artistas brasileiros é desenhar TEX WILLER, meu grande herói. Nas minhas horas vagas toco violão, participo de teatro, pinto telas e faço exposições e pontos de cultura.
Quando nasceu o seu interesse pela Banda Desenhada?Juarez Santos: Desde pequeno via o meu avô lendo essa pérola chamada Tex. Eu particularmente não gostava, era fascinado pelos mangás, até que no ano de 2006 li pela primeira vez um Tex. Era a mini-série “Mercadores de Morte”! Naquele momento tornei-me um grande viciado… um doente, um apaixonado por essa banda desenhada. Sem perder tempo resolvi formar a minha colecção. O meu avô morreu e as suas revistas Tex foram jogadas fora. Consegui recuperar poucas, quase nada.
Quando descobriu Tex?
Juarez Santos: Na década de 90. Mais comecei a ler e coleccionar somente em 2006.
Porquê esta paixão por Tex?
Juarez Santos: A maneira como a história é conduzida sempre em destaque. A honestidade, criatividade, coragem, astúcia, e respeito pelas classes descriminadas, tornaram-me este fã apaixonado incondicionalmente. Quando viajo pelo Sertão brasileiro vejo as paisagens, os animais, os abutres voando no céu, relevos, vegetações rasteiras e um calor de 50 graus e imagino o Tex em seu alazão, o fiel Dinamite. Peste! A personagem Tex identifica nos pequenos detalhes as provas e desafios, a partir daí cria estratégias certeiras e esmagadoras no cumprimento de seus trabalhos e deveres.
O que tem Tex de diferente de tantos outros heróis dos quadradinhos?
Juarez Santos: O Humanismo. Tex não é sensacionalista como os heróis criado até os dias de hoje. Essa é a diferença. A autenticidade de como lidar com os factos passados na história, a amizade pelos seus pards, o modo como trata os povos vermelho e negro. Para Tex o que é certo é certo e o que é errado é errado no seu jeito simples de ser e de pensar. Tex é o único herói que com mais de 60 anos de aventura nunca perdeu as suas origens.
Qual o total de revistas de Tex que você tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
Juarez Santos: Tex Normal 500 edições, Tex Coleção 240, Almanaque Tex 40, Tex Ouro 30, Tex Anual 10, Tex Gigante 10 e o Tex Especial 60 anos.
Colecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem italiana?Juarez Santos: Livros apenas, embora tenha também o álbum do Tex e o filme “O senhor dos abismos’’.
Qual o objecto Tex que mais gostava de possuir?Juarez Santos: Todas as revistas de Tex Coleção porque contam as aventuras do Ranger na cronologia exacta, na mesma maneira que saiu na Itália.
Qual a sua história favorita? E qual o desenhador de Tex que mais aprecia? E o argumentista?
Juarez Santos: El Muerto, o Signo da Serpente, O Passado de Kit Carson, A Triste História de Jack Tigre, Juramento de Vingança, A Vingança de Águia da Noite, O Grande Rei, A Quadrilha do Ás de Espadas, O Tigre Negro, A Marca do Dragão, Mercadores de Morte, Texas Bill, Trilhos de Sangue e tantas outras… no que diz respeito aos desenhadores gosto sobretudo de Galep, Ticci, Nicolò, Villa e Civitelli. Já no quesito argumentistas, depois da morte de G. L Bonelli com certeza o maior e melhor escritor do Tex é o Claudio Nizzi.
O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?Juarez Santos: De positivo o modo como o Ranger e seus pards têm sede de fazer a verdade vir à tona e prova disso é que por maior que seja o facto ou o acto ele é resolvido. Tex não é só um revólver veloz, é um ser humano que não julga um homem pela cor da pele, mas sim pelo carácter.
Já negativamente estranha-me muito o facto de nunca um brasileiro ter desenhado uma aventura de Tex. Na galeria do Ranger existem desenhadores italianos, espanhóis, argentinos, cubano, etc., porque não um brasileiro?
Em sua opinião o que faz de Tex o ícone que é?
Juarez Santos: Tex é um herói de tempos passados que brilha no presente. E há mais de 60 anos nunca deixou de ser publicado, chegando sem trégua todos esses anos nas bancas, com o mesmo carácter de sempre. Dificilmente um herói teria sobrevivido tantos anos nas bancas sem sofrer modificações criativas, como o nosso Tex.
Costuma encontrar-se com outros coleccionadores?
Juarez Santos: Sim! E o mais célebre deles chama-se Jessé Reis Bico de Pena, um dos grandíssimos coleccionadores brasileiros de Tex!
para concluir, como vê o futuro do Ranger?
Juarez Santos: Enquanto Tex for escrito fielmente ao contexto original do faroeste, mantendo o mesmo ritmo que Gianluigi Bonelli e o sucessor dele, Claudio Nizzi, mantiveram durante todos estes anos, Tex com certeza marcará milhões de gerações futuras, pois o que marca o Tex é a originalidade e os enquadramentos perfeitos dos argumentos, coisa que não acontece com os outros heróis das BDs, que por muitos outros motivos se tornaram banais… Quanto aos desenhadores, temos Ticci um mestre da velha guarda e os brilhantes Villa e Civitelli, que vêm se tornando espelho e vitrina para a nova safra de artistas como os irmãos Cestaro, Piccinelli e outros. O futuro do Ranger mais temido do Oeste está garantido, pois sempre surgirão grandes escritores e ilustradores que contribuirão para que Tex nunca deixe de ser publicado.
Prezado pard Juarez Santos, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.
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