Gwen Stacy surgiu em 1965, na revista Amazing Spider-Man # 31, numa história de Stan Lee e Steve Ditko. Ela se tornou uma das principais personagens durante os anos clássicos das aventuras do aracnídeo.
A namorada de Peter Parker morreu de maneira assombrosa para a época, numa batalha entre o Homem-Aranha e o Duende Verde, que entrou para a história dos quadrinhos. A aventura foi publicada em 1973, em duas partes, nas edições # 121 e # 122 de Amazing Spider-Man.
Os roteiros de A Noite em que Gwen Stacy Morreu (The Night that Gwen Stacy Died) e de sua conclusão (The Goblin Last Stand) são de Gerry Conway. Os desenhos são de Gil Kane, com arte-final de John Romita. O editor da revista era Roy Thomas.
Abaixo, você confere as dez razões que fazem desta emblemática HQ a melhor de todos os tempos do Homem-Aranha.
1) Fim da Inocência
A Morte de Gwen Stacy ganhou uma importância histórica pela maneira que chocou os leitores e cristalizou vários elementos de uma tendência mais sombria nos quadrinhos de super-heróis.
Nunca antes um super-herói de peso como o Homem-Aranha havia falhado de maneira tão catastrófica quanto nesta saga.
De modo geral, os uniformizados, desde seu surgimento no final da década de 30, representavam o triunfo do bem contra o mal; a garantia da vitória. Esta condição é considerada por muitos como uma das razões do apelo desses personagens junto ao público jovem.
No início da década de 1970, os quadrinhos estavam mudando, desafiando o Comics Code Authority, com histórias mais próximas da realidade, mostrando, entre outras coisas, o envolvimento de garotos com drogas (Ricardito – Roy Harper, hoje conhecido com Arsenal, em Lanterna Verde; e Harry Osborn, em Amazing Spider-Man são os exemplos mais famosos).
A Morte de Gwen Stacy coloca um ponto final na eterna vitória do bem contra o mal, e mostra que, apesar dos heróis, nem sempre os inocentes sobrevivem.
Muitos pesquisadores americanos consideram esta história como o final da Era de Prata, e o início da chamada Era de Bronze.
2) Razões Editoriais
As causas editoriais da Morte de Gwen Stacy foram explicadas em Amazing Spider-Man # 125, em resposta às inúmeras cartas recebidas pela redação.
Segundo o editorial, o escritor Gerry Conway, ao ler os números recentes (na época) do Homem-Aranha, chegou à conclusão de que o relacionamento entre Gwen Stacy e Peter Parker estava em ponto morto, e que o único caminho interessante a seguir seria o casamento. Mas essa idéia parecia inapropriada para o Homem-Aranha. Afinal, ele ainda era um estudante colegial.
Num debate entre os editores e a equipe criativa (o texto menciona diretamente Roy Thomas, Stan Lee e Gerry Conway, mas alguns relatos excluem a participação direta de Lee) ficou decidido que Gwen deveria morrer.
John Romita, numa entrevista recente, explicou que a idéia de matar um personagem da revista foi “emprestada” da tira Terry e os Piratas, de Milton Caniff, na qual ocasionalmente morria uma das namoradas de Pat Ryan. Na época, Romita era editor de arte da Marvel e responsável pelo visual de inúmeros personagens, como, por exemplo, Wolverine e o Justiceiro.
O curioso é que existem versões em que a equipe criativa queria matar um personagem, e Tia May e Robbie Robertson estavam entre os candidatos, mas opção acabou sendo por Gwen. Aliás, a ameaça de morte da Tia May é uma das tramas mais comuns na vida do herói.
Gwen Stacy estreou numa história em que May Parker estava no hospital lutando pela vida; e este apelo continua em vigor até hoje, pois na fase atual do aracnídeo (antecedendo os eventos da saga One More Day), a tia dele está mais uma vez às portas da morte.
Posteriormente, foi revelado que, entre as razões citadas para matar Gwen Stacy, além de criar um momento forte na série, estava o envelhecimento do personagem. Peter Parker casado pareceria mais velho, e poderia ficar fora de sincronia com sua base de leitores, ainda jovens.
Atualmente, este argumento e com outro sobre as possibilidades dramáticas de introduzir outros amores na vida de Peter Parker (sem que ele seja considerado adúltero, bígamo ou sacana), são razões citadas para separá-lo, de alguma forma, de Mary Jane.
3) O maior vilão
O Homem-Aranha já enfrentou um grande número de vilões e o Duende Verde sempre foi um dos seus mais importantes inimigos, juntamente com o Dr. Octopus.
O Duende surgiu em Amazing Spider-Man # 14, em 1964, numa história de Stan Lee e Steve Ditko e, no início, sua identidade era um segredo – o assunto foi explorado em boas tramas.
A trajetória do Duende Verde e sua relação com o Homem-Aranha e Peter Parker podem ser consideradas um exemplo clássico do gênero.
Ao longo de uma década, o Duende Verde e o Homem-Aranha se enfrentam, um sem saber a identidade do outro. Eventualmente, o vilão descobre que Peter Parker é o Homem-Aranha, armando o cenário inicial para a catástrofe que viria mais tarde.
Com a identidade secreta de Parker exposta para um de seus maiores inimigos, o que impediria o Duende Verde de revelar o segredo ao grande público ou realizar sua vingança contra a família do rapaz? A solução do problema rendeu um ótimo confronto entre ambos, no qual Norman Osborn revela a Peter Parker – capturado e desmascarado – que é o Duende Verde.
A trama se complica junto com o relacionamento desses personagens. Norman é pai de Harry Osborn, um dos melhores amigos de Parker, com quem ele divide um apartamento.
No final, Osborn perde a memória e esquece temporariamente sua identidade criminosa. Mas a possibilidade de que um dia ele se recorde é um fantasma que ronda Peter Parker.
Tudo isso é pano de fundo para o dia fatídico, quando Osborn redescobre seu passado e usa Gwen Stacy como isca para destruir o Homem-Aranha.
A Morte de Gwen Stacy é surpreendente e não podia ficar impune. Osborn morre vítima de sua própria traição, num momento em que tenta matar Parker pelas costas com seu planador, empalado por uma de suas invenções.
A ascensão e queda do Duende Verde, explorada em diversos encontros num período de quase uma década, roubou da Marvel de um dos mais importantes vilões da carreira do Homem-Aranha.
Durante anos, a “Casa das Idéias” tentou substituir o personagem (que ao matar a namorada do herói alcançou o posto máximo da vilania) com outros Duendes Verdes (Harry Osborn, Dr. Bart Hamilton e Phil Urich); Duendes Macabros (Roderick Kingsley, Ned Leeds e outros) e até mesmo Halloween (Jack O’Lantern).
Norman Osborn e o Duende Verde foram ressuscitados retroativamente, numa aventura controversa, durante a reformulação do Homem-Aranha, no final da Saga do Clone.
A revisão mudou muito da história de Peter, Gwen e Norman, alterando motivações e o relacionamento entre eles, e transformou o Duende Verde numa espécie de eminência parda do submundo, controlando o crime das sombras, por trás das cortinas.
Esta não foi a última vez que Osborn, numa ação retroativa de editores e escritores, teve seu passado e sua relação com Peter Parker e Gwen Stacy modificados (veja o item 5).
4) O Casamento do Homem-Aranha
Com a Morte de Gwen Stacy, o caminho de Mary Jane Watson, sobrinha da vizinha de Tia May, fica livre; e a relação entre ela e Peter Parker se intensifica.
Gwen e Mary Jane formaram vários triângulos amorosos na juventude de Parker, num grupo que incluía, além dos três personagens citados, Flash Thompson, Harry Osborn e Liz Allen.
Mary, eterna rival de Gwen, apareceu pela primeira vez em The Amazing Spider-Man # 42, em 1966, pelas mãos de Stan Lee e John Romita. Anteriormente, a personagem já havia sido mencionada e até feito uma aparição com seu rosto totalmente obscurecido, mas que surpreendeu Liz Allen e Betty Brant por sua beleza.
O relacionamento de Peter e Mary Jane foi interrompido diversas vezes e os dois acabaram se casando em 1987, em Amazing Spider-Man (Vol. 1) Annual # 21 (no Brasil, Homem-Aranha # 100, da Abril).
O casamento de Peter e Mary foi resultado de uma disputa entre Stan Lee e Jim Shooter. Afastado do trabalho nas revistas da Marvel, Lee cuidava de outras áreas da editora e escrevia as tiras do aracnídeo para os jornais, cujo interesse estava em baixa. Por isso, ele decidiu casar o personagem.
Avisado do que iria ocorrer, Jim Shooter, editor-chefe da Marvel em 1987, decide que o herói não poderia se casar nas tiras antes de o mesmo acontecer nas revistas mensais. Então, organiza a cerimônia.
O casório foi realizado com grande pompa. O vestido de Mary Jane na capa de Amazing Spider-Man foi desenhado por Will Smith (nenhuma relação com o ator de mesmo nome) e a editora chegou a distribuir convites de casamento para a imprensa.
A cerimônia foi encenada por atores no campo do Shea Stadium (que mais tarde seria palco da batalha entre o Homem-Aranha, seu clone e o Chacal), com a presença de Stan Lee.
Para muitos, isso envelheceu Peter Parker e confronta uma análise de Umberto Eco, publicada em seu famoso ensaio sobre os heróis, O Mito de Superman, na qual afirma que uma das principais características desses personagens é o seu perfil icônico imutável, a ausência de evolução e o teor cíclico de suas aventuras.
O casamento do Homem-Aranha sempre foi visto por muita gente, inclusive escritores e editores que trabalharam na revista, como um impedimento para o personagem, por razões similares às que resultaram na Morte de Gwen Stacy (vide item 2).
Depois de 20 anos, existe hoje uma enorme quantidade de fãs que nunca leram uma história do Homem-Aranha solteiro.
As tentativas editoriais de afastar, ou até matar, Mary Jane nunca foram bem-sucedidas junto ao público.
Nos últimos anos, Joe Quesada, atual editor-chefe a “Casa das Idéias”, vem promovendo a separação dos personagens de maneira mais definitiva (segundo ele, pior que o Homem-Aranha casado seria o aracnídeo divorciado). Este rompimento do status quo poderá acontecer na saga One More Day, que será lançada em breve nos Estados Unidos.
5) O Chacal e as Sagas dos Clones
Nenhuma outra história do Homem-Aranha teve um impacto tão grande e causou tantas conseqüências às suas aventuras quanto a Morte de Gwen Stacy; e a Saga do Clone é uma comprovação disso.
O professor Miles Warren surgiu junto com Gwen Stacy, em Amazing Spider-Man # 31 e desde então ficou obcecado por ela. Após a morte da jovem, Warren assume a identidade do vilão Chacal (Amazing Spider-Man # 129) e inicia a Saga do Chacal (hoje também conhecida como a Saga do Clone Original), que além de mostrar um clone de Peter Parker e outro de Gwen Stacy, introduziu o Justiceiro, inicialmente como um vilão (ver item 6).
Warren, que antes de se tornar professor colegial era um geneticista associado ao Alto Evolucionário (fato estabelecido numa revisão posterior), culpa o Homem-Aranha pela morte de Gwen. Como o Chacal, ele se une a inúmeros vilões (Escorpião, Cabeça-de-Martelo, Tarântula etc.) para destruir a vida do amigão da vizinhança.
No final da história original, antes das revisões, Miles Warren morre desativando uma bomba depois de ser confrontado pelo clone de Gwen por seus crimes. O clone do Homem-Aranha, aparentemente morto, é jogado na chaminé de uma usina de incineração de lixo, para ser destruído. Peter obtém uma confirmação do Dr. Curt Connors de que ele é o verdadeiro e quem morreu foi a “cópia”.
Anos mais tarde, o clone voltou – ele escapou vivo da chaminé e assumiu a identidade de Ben (emprestado do Tio Ben) Reilly (o nome de solteira de Tia May). Curiosamente, apesar do atestado de Connors, o Chacal consegue convencer Peter Parker e Ben Reilly, de que o primeiro é o clone, e Bem, o verdadeiro Homem-Aranha.
A história do Chacal é, possivelmente, uma das mais revisitadas e abusadas, e resultou, 20 anos depois, na Saga do Clone, que permeou todas as revistas do Homem-Aranha por mais de dois anos, e resultou no retorno de Norman Osborn, no uso de clones como Ben Reilly e Kane e na reformulação do Homem-Aranha.
Entre os vários clones resultantes vale citar: um de Miles Warren, com o nome de Warren Miles, que se casou com um clone de Gwen Stacy; Miles Warren, o verdadeiro, que usa outro experimento para se transformar num Chacal mais poderoso; Ben Reilly, clone do Homem-Aranha aparentemente morto emAmazing Spider-Man # 149, que acaba assumindo a identidade de Aranha Escarlate; Kaine, um clone deformado de Peter Parker; e o Carniça (Carrion), outro dos clones deformados de Miles Warren.
Numa das muitas vezes que a Marvel revisitou a Morte de Gwen Stacy, o Chacal morreu ao cair de um edifício, tentando salvar o clone da jovem, que acabou sendo resgatada, finalmente, pelo Homem-Aranha.
A Saga do Clone, do final da década de 1990, permanece até hoje, com um dos pontos mais baixos e controversos das aventuras do Homem-Aranha. Sobre o assunto, escritor Howard Mackie revelou que originalmente o plano era a história durar apenas quatro meses, mas, graças às intervenções do departamento de marketing e de vendas, o enredo foi esticado e se prolongou, enquanto a Marvel trocava de editores (e abria falência), sem que ninguém soubesse o que fazer para terminar a trama.
Para piorar a situação de Gwen Stacy, a história foi revisitada mais uma vez, em 2004, por Michael Straczynski e Samm Barnes, nos arcos Sins Pasts e Sins Remembered (Pecados Pretéritos no Brasil).
Nesta nova visita ao passado, Gwen, a original, dorme com Norman Osborn, fica grávida e dá à luz, durante uma viagem à Europa, duas crianças: Gabriel e Sarah.
Depois desta revelação, a Morte de Gwen Stacy assume outra conotação: Norman Osborn, o Duende Verde, queria matar Gwen para ficar com seus filhos. Ela se opunha à maneira como Norman tratava seu filho Harry e queria criá-los com Parker.
Com a morte de Gwen, e a ressurreição secreta de Osborn (graças à intervenção retroativa de escritores na cronologia), o vilão cria as crianças em segredo, longe de Peter.
As duas crianças crescem anormalmente, devido às mudanças genéticas no sangue de Osborn e, graças aos ensinamentos distorcidos de seu pai, querem destruir o Aranha. Peter consegue convencer Sarah, mas não Gabriel, que assume a identidade do Duende Cinza. Mais um Duende para a coleção de inimigos do aracnídeo.
Straczynski explicou que desejava que os filhos fossem de Peter Parker, mas sua idéia foi vetada e a equipe editorial, junto com os escritores, decidiu a paternidade em favor de Osborn.
A história traz sérias complicações para uma cronologia já bastante difícil; e alguns problemas e contradições, entre eles a idéia de que Osborn possuía apenas um herdeiro (Harry) e o período de tempo que Gwen Stacy ficou na Europa.
6) Surge o Justiceiro
O Justiceiro, hoje bastante popular, surgiu como um vilão das aventuras do Homem-Aranha, em The Amazing Spider-Man # 129, publicada em 1974 e cuja história pertence à Saga do Chacal.
O personagem foi criado por Gerry Conway, John Romita e Ross Andru, e sua primeira aparição é resultado, mesmo que indireto, da Morte de Gwen Stacy. Ele é mostrado como um vilão manipulado pelo Chacal (veja o item 5) buscando vingança contra o Homem-Aranha.
Ele representa um rompimento direto com o tipo de super-herói publicado até então, mas seriam necessários quase 12 anos antes que o personagem viesse a atingir o sucesso.
Frank Castle, um veterano do Vietnã que caça criminosos em Nova York, é um personagem típico da década de 1970, e bastante representativo do período que seguinte à Era de Prata.
Mack Bolan, o executor, personagem literário de Don Pendleton foi a influência direta na criação do Justiceiro. Bolan surgiu no livro Guerra contra a Máfia, em 1969. Assim como Castle, ele é veterano do Vietnã e voltou para a América apenas para encontrar a tragédia: a morte de sua família nas mãos da máfia. O resto os leitores já sabem…
Pendleton escreveu 39 livros com Bolan, antes de vender os direitos para a editora Golden Eagle, que já publicou mais de 600 aventuras (algumas delas lançadas no Brasil na década de 1980) com este personagem.
Em 1974, mesmo ano em que surgiu o Justiceiro, o filme Death Wish (Desejo de Matar), com Charles Bronson interpretando um homem que busca vingar a morte de sua família (baseado no livro de Brian Garfield, publicado em 1972), foi um grande sucesso comercial. Este exemplo sugere a relevância de personagens como Justiceiro na cultura popular da época.
O Justiceiro teve inúmeras aventuras como coadjuvante, ou vilão, nas revistas do Homem-Aranha e do Demolidor, e aos poucos sua imagem de anti-herói foi construída. Até que, na década de 1980, ele estreou sua própria minissérie e finalmente ganhou diversos títulos.
7) Mea Culpa
“Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades” é uma das frases mais citadas nas revistas do aracnídeo e um dos pontos centrais da caracterização do personagem: a culpa.
O Homem-Aranha é um dos personagens que mais sente o peso de seus poderes. Sente culpa pela morte de seu tio, Ben Parker, pois poderia ter impedido esse fato quando descobriu suas habilidades, antes de se tornar o herói. O evento foi o catalisador da escolha de Peter.
Gwen Stacy culpou o Homem-Aranha indiretamente pela morte de seu pai, o capitão Stacy (que ocorreu acidentalmente durante uma batalha com o Dr. Octopus) e complicou bastante a relação entre ela e Peter, por razões óbvias.
E, para finalizar, é claro, o aracnídeo sente muita culpa pela morte de Gwen Stacy.
A Morte de Gwen foi um divisor de águas na vida de Peter Parker, que até hoje funciona como uma ferida emocional, como foi visto recentemente em Dinastia M.
8) Controvérsia
Qual a causa da morte de Gwen Stacy? Foi o ataque do Duende Verde que a jogou para fora da ponte? Teria sido o medo durante a queda? Ou foi a parada brusca causada pela ação do Homem-Aranha?
Essas perguntas inundaram a redação em cartas e telefonemas, e até hoje são motivo de debate entre os fãs mais radicais.
O assunto foi esclarecido num editorial publicado em Amazing Spider-Man # 125, no qual os editores explicam as diversas razões pela decisão de matar Gwen Stacy (veja item 2) e também esclarecem as causas de sua morte, implicando diretamente a ação do Homem-Aranha.
A versão oficial é que Gwen morreu devido à parada brusca causada pela teia do Homem-Aranha, na tentativa de salvá-la da morte certa. Ou seja, não havia nada que o herói pudesse fazer para salvar sua amada.
Curiosamente, a Marvel tentou suprimir, em algumas reedições posteriores, no final dos anos 80 e início da década de 1990, a onomatopéia snap, que sugere que Gwen Stacy quebrou o pescoço quando a teia do Aranha interrompe bruscamente a sua queda. As versões mais recentes da história incluem a onomatopéia.
Uma outra curiosidade está na ponte da qual Gwen despenca. Gil Kane desenhou a Brooklyn Bridge, mas, segundo o texto da história, ela morre ao cair da ponte George Washington. Existem algumas reedições na qual os recordatórios foram modificados para ponte Brooklyn.
9) Acidente revisitado
Gwen Stacy caindo da ponte George Washington é uma das cenas mais revisitadas dos quadrinhos norte-americanos, juntamente com o assassinato dos pais de Bruce Wayne, o Batman.
A primeira delas acontece na própria história, quando o Duende Verde tenta matar o Homem-Aranha, jogando-o para fora da ponte, como fez com Gwen, mas Peter se salva, obviamente.
Outra versão clássica foi mostrada em What If… # 24 (O Que Aconteceria se o Homem-Aranha salvasse Gwen Stacy?), na qual Gwen é salva pelo Homem-Aranha, que salta para agarrar a moça e usa seu corpo para amortecer o impacto na água. Em Web of Spider-Man # 125, o Duende Verde (Phil Urich, na quarta encarnação do personagem) joga o clone de Gwen Stacy da ponte George Washington, mas o Aranha a salva.
Amazing Spider-Man # 514 repete a tragédia da mãe, com a filha. Desta vez é Sarah, a filha de Gwen Stacy com Norman Osborn que cai da ponte George Washington, depois de tomar um tiro da policia, e mais uma vez o Homem-Aranha, já bastante escolado na técnica de salvar pessoas caindo de grandes altitudes, faz o serviço de praxe.
No filme Homem-Aranha, de 2002, como Gwen já estava morta nos quadrinhos havia quase 20 anos, quem toma o lugar da garota é Mary Jane (interpretada por Kirsten Dunst). E ela tem melhor sorte, pois não morre ao ser jogada da ponte de Queensboro, pelo Duende Verde (William Dafoe). Peter (Tobey Maguire) só encontra Gwen (interpretada por Bryce Dallas Howard, atriz filha do diretor Ron Howard) na sua terceira aventura nos cinemas.
Além destas, existem outras versões é até algumas paródias.
10) Morta, pelo menos por enquanto…
Apesar de tudo o que fizeram com a personagem, Gwen Stacy, a verdadeira, continua morta. Algo raro nos quadrinhos norte-americanos hoje. Ela e o Flash (Barry Allen), da DC Comics, são dois exceções à regra.
Entre os personagens ressuscitados estão a Fênix, o Justiceiro, o Capitão América (quando foi resgatado do gelo e efetivamente relançado na década de 1960), Bucky Barnes (o Soldado Invernal), Elektra, Capitão Marvel, Adam Warlock, entre outros.
O próprio Capitão América, mencionado acima como um “ressuscitado” morreu recentemente e poderá (ou deverá?) voltar algum dia.
A DC Comics segue a mesma tradição da Marvel. Entre mortos e ressuscitados destacam-se: Superman, Supergirl, Arqueiro Verde, Donna Troy, Flash (Wally West), Hal Jordan (Lanterna Verde) e Jason Todd.
Independentemente do revisionismo, A Morte de Gwen Stacy continuará sendo um marco na carreira do Homem-Aranha, sem perder a importância histórica dentro do gênero.
Sérgio Codespoti desde pequeno é fã do Homem-Aranha. Quando se mudou para Luxemburgo, foi com muito custo que sua esposa o convenceu a deixar no Brasil dois estranhos artefatos que eram acoplados aos punhos e tinham um disparador na região da palma da mão…