Conan, O Bárbaro

 

Age of Conan
“O que não nos mata nos torna mais forte” – Friedrich Nietzsche
O cara me escreveu mais de 300 estórias e 700 poemas e ainda por cima era amigo pessoal do H.P. Lovecraft, impressionante. De quem eu to falando? Tô falando do Robert E. Howard, escritor norte-americano (1906-1936) que deixou um dos personagens mais icônicos do século XX aqui no Ocidente: Conan, o Bárbaro. Ao revelar o processo criativo da concepção de Conan, John Milius nos conta que em uma noite Howard estava em frente a sua máquina de escrever quando sentiu a presença do bárbaro cimério em suas costas segurando um enorme machado e dizendo “escreva”.
Naquela noite Howard escreveu grande parte das histórias do cimério, quando desfaleceu de cansaço. No dia seguinte, fascinado com o mundo que acabara de criar, Howard voltaria à noite para a máquina de escrever aguardando a presença intimidadora do bárbaro para poder narrar um pouco mais das sagas hiborianas. E ele, Conan, claro que voltou. E nós, meus filhos, nós estaríamos mudados para sempre.
É, to falando dele porque estava agora há pouco lendo a primeira edição que conheci do bárbaro, a edição 156 de A Espada Selvagem de Conan que comprei num domingo bastante monótono de 1995… é, aquelas revistonas da Abril em preto e branco, desenhadas na raça com puro nanquim, esta em específico por Ernie Chan e com a história de Roy Thomas (aham, o cara que levou Conan para a Marvel), uma revista minha toda machucada de tão manuseada e olha que esta nem é a melhor história do bárbaro que cheguei a ler…
E por que estava com isso na mão? Bom, passei meus dois últimos fins de semana reassistindo Conan o Bárbaro e Conan o Destruidor, ambos que lançaram Arnold Schwarzenegger ao estrelato imediato. Divertido, não? Bom, o primeiro, de 1982, sem sombra de dúvidas, nota 10. Produzido pelo italiano Dino De Laurentis (o produtor de Hannibal e afins, AH, e Duna também), com roteiro de Oliver Stone e dirigido pelo diretor que adora decapitações John Milius, o longa garantiu um tom épico ao nosso herói, um clássico que seguiu as histórias originais de Robert E. Howard e trouxe a nós amantes do gênero da fantasia (ou Sword and Sorcery como diria L. Sprague De Camp, consultor do filme e responsável pela manutenção e continuidade das histórias do cimério) todo um novo mundo que definitivamente marcaria a nossa imaginação.
Conan o Bárbaro conta as origens de Conan como escravo até se tornar um temível ladrão ao lado de hirkheniano Subotai (interpretado pelo surfista Gerry Lopez) e da ladra – e também sua amante – Valeria (vivida por Sandahl Bergman, vencedora do Globo de Ouro em 1983 por sua atuação ao lado de Schwarzenegger). O trio, logo após roubar O Olho da Serpente de um dos templos de Set, parte rumo à montanha inexpugnável do odioso vilão Thulsa Doom para que Conan possa vingar a morte de sua família. Teríamos no papel de vilão James Earl Jones, sendo um dos personagens  mais surpreendentes que já vimos junto com o seu Darth Vader em Star Wars. Demais. Ah, e como poderia me esquecer, tudo belamente regado à poderosa trilha sonora de Basil Poledouris à la Carl Orff que pode ser considerada uma obra prima por si só. Como já disse, demais.
Já o segundo filme, Conan o Destruidor (1984) teria como bênção o retorno de Schwarzenegger no papel (acreditem, não sou fã dele, exceto talvez pelo fato dele “ser” o Conan da telona, não tem jeito) e vários membros da produção anterior, porém numa roupagem bastante diferente. Mais vinculado ao gênero da fantasia do que o primeiro filme, este todo épico, Conan o Destruidor se tornou facilmente o longa do tipo “Sessão da Tarde” que, apesar de possuir um enredo bastante frágil, entretém pelas peripécias de um grupo de quatro aventureiros. Aí nisso, percebam, retiram parte do foco no Conan para introduzir novos elementos na narrativa, diferenciando claramente esta película do primeiro filme. Dino De Laurentis, Raffaella De Laurentis e Basil Poledouris retornariam, porém a trilha sonora não seria nada mais do que a repetição dos temas consagrados pelo filme anterior e, infelizmente, reutilizados em cenas e em situações bastante diferentes e até mesmo muito fracas perto a obra prima de 1982.
Mas ok, Conan o Destruidor diverte, com Schwarzenegger sem a franja do personagem dos quadrinhos e com os cabelos um pouco mais claros. Não falemos tão mal deste filme que tem lá suas qualidades. Para o leitor dos quadrinhos, o filme é o que mais se aproxima das histórias desenhadas no papel, fundamentalmente porque o roteiro é do próprio Roy Thomas, este já afeito ao uso constante da Espada e da Feitiçaria nas suas histórias fantásticas, quase sempre possuindo o mago como vilão, deuses poderosos e até mesmo intrigas políticas. Desse modo, isoladamente e analisado perante os quadrinhos, Conan o Destruidor é menos fiel aos contos de Robert E. Howard, porém muito próximo aos quadrinhos e àquelas revistonas do bárbaro que ainda são vendidas nas bancas por aqui.
Muita coisa foi feita para nos contar sobre as aventuras do jovem bárbaro,  conquistador que um dia tomaria o trono de Aquilônia por suas próprias mãos. L. Sprague De Camp trouxe ao mundo histórias inacabadas escritas por Howard sobre o cimério, jogos, quadrinhos, séries de televisão, livros… E agora aguardo ansioso para o novo jogo de computador, Age of Conan (procurem na internet, fantástico, aliás, site que está sendo tão freqüentado que volta e meia cai fora do ar de tanta gente interessada) que promete levar as novas gerações ao mundo fantástico da Era Hiboriana…  para que aqueles que ainda não conheceram as histórias do guerreiro possam se aventurar nos desdobramentos das Crônicas da Nemédia. Olha, demais. Aliás, não sei o que você está fazendo sentado aí na frente deste computador enquanto deveria já ter procurado os DVDs na videolocadora para assistir e reassistir.

Victor Hugo, O Bardo da Aquilônia
Imagem de Cabecalho: Age of Conan
Imagens do Texto: Frank Frazetta


Quer saber mais?

A arte de Conan por Earl Norem 

postado por ;Juarez anunciação


O artista norte-americano Earl Norem pintou inúmeras capas para os gibis do personagem Conan, o Bárbaro. A arte de Norem impressiona pelo impacto visual, cores vivas e imagens chocantes, perfeita no universo dos quadrinhos e para o estilo de um dos mais importantes heróis do universo Marvel.

Algumas das melhores capas Noren produziu para a Revista A Espada Selvagem de Conan. Praticamente todas tem o mesmo tema: Conan luta ou é atacado por com algum monstro e aos seus pés uma mulher linda, indefesa e seminua! Simplesmente genial, nada misterioso, direto e visualmente impactante!

Norem nasceu nos EUA em 17 de abril de 1924, foi veterano da 2ª Guerra Mundial e ao voltar dos campos de batalha da Europa se dedicou a carreira de ilustrador, durante mais de 50 anos. Ele também trabalhou com cartazes de filmes, cards de baseball e ilustrações para a Rider’s Digest.

Norem é um artista da velha escola de ilustradores adeptos da técnica realista de Norman Rockwell, porém que soube adaptar o realismo aos temas fantásticos dos quadrinhos. Ele já se aposentou, mas certamente muitos artistas de hoje tem sua arte como inspiração e referência, como um verdadeiro show de técnica, destreza e imaginação!


Age of Conanhttp://www.ageofconan.com
A Espada Selvagem de Conan era uma revista em quadrinhos mensal da Editora Abril, que narrava as aventuras do personagem Conan. Lançada em 1984 e publicada até 2001 (205 números)[1], a edição brasileira era uma versão da revista americana "Savage Sword of Conan" surgida em 1974: formato grande, histórias e desenhos adultos e impressão em preto e branco. A revista tinha 68 páginas e além das aventuras do Cimério, trazia algumas histórias curtas de outros personagens do seu universo ou igualmente criados por Robert E. Howard: Kull, Salomão Kane, Valéria, Bront, Bran Mark Morn e outros. As edições originais passaram a ser republicadas em 1991 (57 edições) e houve também treze revistas coloridas.

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